sábado, 13 de dezembro de 2008

agenda cheia

Eu não imaginei que meus dias no Brasil seriam tão busy! Ando ocupada quase todos os dias, programações mil, almoços, jantas, aniversários, casamentos... isso que o Natal ainda nem chegou e tem também Ano Novo! Ufa!!! Socorro! Sem falar que eu ainda tive o privilégio de ver o timão ao vivo na final da Copa Sul Americana... melhor impossível!
Tá sendo ÓTIMO, melhor época para vir ao Brasil, rever todos os amigos e família, simplesmente maravilhoso!
Revi gente que eu nem lembrava mais que existia (maneira de dizer né...), amigos com quem eu não falava há anos! Deu até vontade de ficar mais tempo por aqui para matar a saudade de todos...
Fechar este ano estupendo com chave de ouro no Brasil foi o que planejei e agora estou finalmente realizando.
E super feliz :-)

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

voltando às origens

Foi ao entrar no avião em Santiago do Chile com destino a Porto Alegre que eu senti o gostinho de estar em casa outra vez. Não, não foi pelo guaraná antártica servido pela aeromoça nem pelo português com sotaque gaúcho que eu escutava em minha volta. Foi algo característico de um país que ainda gatinha quando o assunto é confiança/segurança.
O avião da Gol que fazia escala em Buenos Aires lotou de brasileiros. Eu sabia que estava barato viajar para o país vizinho, só não sabia que estava tão barato assim. Aterrissamos no aeroporto Ezeiza e fomos orientados a não descer do avião, que a escala seria apenas para receber os novos passageiros. Éramos menos de 10 pessoas no avião. Deixei meu MP3 na minha poltrona e me dirigi ao banheiro antes que todos chegassem. Foi no banheiro que eu me dei conta de que eu não podia deixar meu MP3 sozinho, largado, na poltrona de um avião BRASILEIRO que estava para receber BRASILEIROS… “Acorda Caroline, você não esta na Austrália mais“ Logo me bateu um medo de que roubassem meu MP3, sentimento ruim, pela primeira vez, depois de 1 ano.
Ao sair do banheiro correndo eu bati com a porta em um dos passageiros que entravam no avião. “Sorry” foi a primeira palavra que veio a minha mente… recebi um olhar estranho, como quem não entende, claro. Algumas pessoas acham que isso é forçado, de repente mencionar alguns termos em inglês... mas bem pelo contrário, vem ao natural, mais natural do que se imagina. Fiquei sem graça e tentei solucionar com um "desculpe" sem jeito e corri para minha poltrona.
Na minha fileira já havia uma senhora, sentada na poltrona do corredor (a minha era a da janela). Eu olhei para poltrona e meu mp3 não estava mais lá. “Não acredito!” pensei, não havia demorado mais de 2 minutos no banheiro! Olhei para a senhora e perguntei: “A senhora viu um mp3 naquela poltrona?” E ela lançou mão ao bolso na frente da poltrona (neste caso na poltrona dela) se justificando que havia pego o MP3 porque achou que alguém havia esquecido e que o devolveria a tripulação do vôo porque algum outro passageiro que sentasse ali o poderia furtar. Eu a agradeci e sentei na minha poltrona; a senhora continuou se desculpando… e eu perplexa pensei: “deus, eu realmente estou a caminho do Brasil” . Na Austrália a "regra" é clara: ninguém toca no que não é seu. Se não lhe pertence, por que pegar?
É difícil se deparar com uma realidade que eu já não lembrava mais. Nunca me permiti me acostumar com a insegurança do Brasil; é preciso lembrar que é dificil confiar em Brasileiro. Acabo sempre escrevendo sobre este assunto na minha volta pra casa, mas é o que mais me toca ao chegar aqui, motivo pelo qual eu escolhi viver no exterior.
Sentir o medo de ser furtada já dentro de um avião, a caminho pra casa, me deixou muito preocupada com o desembarque e os dias seguintes em casa. Um sentimento de medo antes mesmo de sair do avião.
Pisar em Porto Alegre novamente é muito bom quando sabemos que os amigos e a família nos esperam ansiosos, porem pisar em POA com medo da insegurança (e também da violência) que também nos espera é triste. Outro dia um amigo me perguntou qual era meu sentimento ao desembarcar no aeroporto Salgado Filho. “Seria saudosismo misturado com um sentimento de mesmice?”, “Sim” respondi, seria saudosismo com mesmice. Mas esqueci de mencionar que havia mais um sentimento, sentimento que eu sinto toda vez que desembarco aqui e infelizmente este sentimento é o medo.